Foto Jangada - Acervo Pessoal de Betinho Medeiros
Waldir Jesus Pascoalino nasceu em São Paulo em 8 de fevereiro de 1953, mas tornou-se santista já aos seis meses de idade quando mudou-se para a cidade praiana. Foi morando no edifício Bermudas, no Posto 2, que Waldir descobriu-se surfista.
Desde pequeno pegava ondas de peito ou em pranchinhas de madeira. Desenvolveu cedo a vocação para modelar pranchas. Era na veneziana da sacada do apartamento que ele entortava o bico da sua prancha por pura intuição.
A família mudou para o José Menino e lá Waldir encontrou o seu pico de onda preferido, entre a Pedra da Feiticeira e a Ilha Urubuqueçaba. Waldir fez amigos e juntos desafiavam os grandes mares de ressaca, por vezes no curvão do Itararé.
Um deles foi o Ronaldo “Gui” Mesquita. Os dois devoravam as matérias de surfe nos recortes de revistas. Descobriram o madeirite, aprenderam a desenhar e a fabricar a prancha. A evolução veio com uma prancha tipo caixa de fósforo do amigo Gui. A tábua oca com cavernas no seu interior dava flutuação e tinha até nome: Moana. Numa viagem de Gui para o Havaí, Waldir cuidou da Moana e aperfeiçoou o seu surfe.
A partir dali, Waldir se dedicou a produção de pranchas de fibra, que vinham se tornando uma febre e o desejo de consumo de todos os surfistas. Entre tentativas e erros, Waldir competiu com sua prancha apelidada de “salsicha”, devido ao formato com bordas arredondadas, no 2º Campeonato Paulista de Surfe, na Praia das Pitangueiras, no Guarujá, em 1968.
Waldir começou a shapear cada vez melhor e sua fama criou a Rose Surfboards, em 1970, nome dado em homenagem a uma antiga namorada, a Roseli. O sucesso foi tanto que ele se viu obrigado a ceder seu próprio quarto para a fábrica.
Nessa época destacavam-se a Twin, Homero e o Lagartixa na fabricação de pranchas. Na Zona do Agrião, em que Waldir fazia parte, o Edinho criou a Orca Surfboards e inovava na qualidade e acabamento de suas pranchas.
Waldir seguiu adiante. Tampouco a mudança para Mococa na sua formação para o Tiro de Guerra desanimou o shaper. O shaper prestava o serviço militar, enquanto recebia encomendas e entregava pranchas em Santos, nas raras oportunidades de se manter conectado com o mar e com os amigos.
Por Gabriel Pierin
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